O
motivo de base da Resistência era a indignação. Nós, veteranos dos movimentos
de resistência e das forças combatentes da França livre, apelamos às jovens
gerações de dar vida, transmitir a herança da Resistência e seus ideais.
Dizemo-lhes: Peguem o bastão, indignem-se! Os responsáveis políticos,
econômicos, intelectuais e o conjunto da sociedade não devem desistir, nem se
deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros
que ameaça a paz e a democracia.
Espero que cada um de vocês encontre seu motivo de
indignação. É precioso. Quando algo nos indigna, como nos indignamos com o
nazismo, então, tornamo-nos militantes, fortes e engajados. Retomamos essa
corrente da história e a grande corrente da história deve prosseguir graças a
cada um. Essa corrente vai em direção à mais Justiça, mais liberdade, não essa
liberdade incontrolável da raposa no galinheiro. Esses direitos que a
Declaração Universal redigiu o programa, em 1948, são universais. Se encontrar
alguém que não os tenha, ajude-o a conquistá-los [...].
É verdade, as razões para se indignar podem parecer, hoje,
menos claras ou o mundo é mais complexo. Quem comanda, quem decide? Não é fácil
distinguir entre todas as correntes que nos governam. Não nos confrontamos mais
com uma pequena elite da qual compreendemos claramente as ações. É um vasto
mundo, que podemos bem sentir como é interdependente. Vivemos numa interconectividade
como jamais existiu. Mas nesse mundo, há coisas insuportáveis. Para ver é
preciso olhar, procurar. Digo aos jovens: Procurem um pouco, irão encontrar. A
pior das atitudes é a indiferença, dizer, “não posso fazer nada, vou me
virando”. Comportando-se assim, perdem um componente essencial que faz o
humano. [...]. Trechos do livro-manisfesto “Indigne-se!” De Stéphane Hessel
Nota1:O
livro, Indignez-vous (Fique
indignado), quase um panfleto, de 30 páginas, tornou-se a sensação literária na
França no Natal de 2012... Por incitar os jovens ao não conformismo pacífico,
Hessel virou uma celebridade pop.
Nota2: O
livro-manifesto aos Indignados é uma
compilação de recortes de entrevistas e memórias do resistente Stéphane Hessel,
que aos 93 anos, felizmente, ainda pode nos contar sua história no Conselho
Nacional de Resistência (o CNR) e na redação do programa elaborado, a pedido do
General de Gaulle, para a França Livre, que foi adotado em 1948 pela ONU, e
ficou conhecido como Declaração dos
Direitos do Homem, ao fim da Segunda Guerra Mundial, após o
holocausto de milhares de vítimas do satanismo alemão e mundial.
Nota3: Hessel foi deportado para vários campos e
torturado, mas conseguiu escapar e por isto está aqui para nos contar a
história e contar conosco para pegar o bastão da Resistência e da luta
permanente pela proteção dos Direitos Humanos no mundo e pela garantia da
participação popular na Democracia.