sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Indigne-se

O motivo de base da Resistência era a indignação. Nós, veteranos dos movimentos de resistência e das forças combatentes da França livre, apelamos às jovens gerações de dar vida, transmitir a herança da Resistência e seus ideais. Dizemo-lhes: Peguem o bastão, indignem-se! Os responsáveis políticos, econômicos, intelectuais e o conjunto da sociedade não devem desistir, nem se deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros que ameaça a paz e a democracia.

Espero que cada um de vocês encontre seu motivo de indignação. É precioso. Quando algo nos indigna, como nos indignamos com o nazismo, então, tornamo-nos militantes, fortes e engajados. Retomamos essa corrente da história e a grande corrente da história deve prosseguir graças a cada um. Essa corrente vai em direção à mais Justiça, mais liberdade, não essa liberdade incontrolável da raposa no galinheiro. Esses direitos que a Declaração Universal redigiu o programa, em 1948, são universais. Se encontrar alguém que não os tenha, ajude-o a conquistá-los [...].

É verdade, as razões para se indignar podem parecer, hoje, menos claras ou o mundo é mais complexo. Quem comanda, quem decide? Não é fácil distinguir entre todas as correntes que nos governam. Não nos confrontamos mais com uma pequena elite da qual compreendemos claramente as ações. É um vasto mundo, que podemos bem sentir como é interdependente. Vivemos numa interconectividade como jamais existiu. Mas nesse mundo, há coisas insuportáveis. Para ver é preciso olhar, procurar. Digo aos jovens: Procurem um pouco, irão encontrar. A pior das atitudes é a indiferença, dizer, “não posso fazer nada, vou me virando”. Comportando-se assim, perdem um componente essencial que faz o humano. [...]. Trechos do livro-manisfesto “Indigne-se!” De Stéphane Hessel


Nota1:O livro, Indignez-vous (Fique indignado), quase um panfleto, de 30 páginas, tornou-se a sensação literária na França no Natal de 2012... Por incitar os jovens ao não conformismo pacífico, Hessel virou uma celebridade pop.
Nota2: O livro-manifesto aos Indignados é uma compilação de recortes de entrevistas e memórias do resistente Stéphane Hessel, que aos 93 anos, felizmente, ainda pode nos contar sua história no Conselho Nacional de Resistência (o CNR) e na redação do programa elaborado, a pedido do General de Gaulle, para a França Livre, que foi adotado em 1948 pela ONU, e ficou conhecido como Declaração dos Direitos do Homem, ao fim da Segunda Guerra Mundial, após o holocausto de milhares de vítimas do satanismo alemão e mundial.

Nota3: Hessel foi deportado para vários campos e torturado, mas conseguiu escapar e por isto está aqui para nos contar a história e contar conosco para pegar o bastão da Resistência e da luta permanente pela proteção dos Direitos Humanos no mundo e pela garantia da participação popular na Democracia